4.09.2011

Só.


Sozinho.
Hoje sai de casa sozinho.
Guiei 150km para sul. Para estar sozinho no mar.
Um sozinho bom, não daqueles assustadores.
Consegui surfar sem ninguém na água durante 3 horas. Depois apareceu um outro surfista. Suponho que procurava solidão também. Fingimos os dois que não estávamos lá.
Era só eu e o mar.
O problema é voltar.
É sair do silêncio.

Hoje não fui ao mar.

Houve ondas. Das boas, das muito boas, o dia todo atrás daquela serra. E eu, prisioneiro da necessidade, sem vê-las sequer. Á distância infinita da impossibilidade. Á distância tangencial do desejo. A sabe-las lá. Do outro lado daquela serra. Que bela é. E o sol poente. E o estuário. E o mar, a começar, ao fundo. Mas a ditadura do prazer. A religiosidade da prática. Interrompidas. A tomarem, ainda que distantes, conta da contemplação. Hoje não fui ao mar. E também está bem assim. A ausência é a mais dolorosa forma de amor.